Rise & Realize
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Tradução, adaptação e revisão do Coreano para o Português (Brasileiro) dos textos e das ilustrações foram feitas exclusivamente pela equipe da RIIZE BRAZIL.
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¹Uma odisseia em tempo real: Odisseia tem sua etimologia atribuída ao nome “Odysseus”, pertencente a um herói grego, rei de ítaca, que foi batizado pelos latinos de Ulisses. O termo popularizou-se graças a um famoso poema épico, escrito pelo poeta Homero, que contava a trajetória do herói mencionado através de 24 cantos ou rapsódias. A palavra odisseia possui, desde a sua origem na antiguidade clássica, sinônimo equivalente a “Uma história permeada por aventuras, contratempos e acontecimentos extraordinários”.
¹ Realtime Odyssey - 1º Temporada.
Parte 2 - Momento perfeito.
Capítulo 3
(1) Um lugar distante.
Assim que o ônibus saiu do túnel, as pessoas que estavam dentro do veículo de transporte deixaram escapar altas exclamações.
“Mamãe, olhe para o mar ali!”
Sungchan, que havia dormido com a cabeça encostada na janela, e Shotaro, que pendeu a cabeça para o lado oposto dele, despertaram com o grito animado da criança. A luz do sol transpassou pelas frestas da cortina, que foi enrugada como a traquéia de um acordeão.
“Acho que estamos quase chegando.”
Shotaro esticou os braços para se espreguiçar e passou as mãos por cima do corpo de Sungchan, para que pudesse arrastar a cortina.
O belo mar azul, rente à costa da estrada, brilhava de forma deslumbrante, cristalino, como se estivesse dentro de um copo de vidro.
“Uau!”
Sungchan não queria deixar de fotografar essa cena, portanto buscou o celular. E, embora as lentes jamais fossem capazes de reproduzir aquela paisagem com cem por cento de veracidade aos detalhes, foi o suficiente para que registrasse o momento.
Ele então trocou o modo da câmera para tirar uma foto junto com Shotaro, para que o cenário da natureza atrás da janela fosse o plano de fundo.
Naquele instante, ele teve a impressão de que algo muito legal ocorreria naquela viagem improvisada, e Shotaro também deve ter pensado a mesma coisa, visto que sorriu largo e falou que foi bom eles terem ido para lá.
Sungchan arrumou a mochila pesada nas costas, e o outro o seguiu atrás, verificando a localização deles através de um mapa digital.
O círculo vermelho do aplicativo avançava pouco a pouco, à medida em que ambos se locomoviam pelo perímetro.
“Hyung, só precisamos seguir em frente, certo?”
Uma placa, com os dizeres “Ilchul-ro 904” (Yangyang-eup, na província de Gangwon-do), estava erguida ao lado de uma casa térrea tradicional de muro baixo.
“Sim. Só precisamos percorrer mais 500m.”
“Ok!”
Shotaro olhou para Sungchan, que era bem mais alto do que ele, com um sorriso contente.
Ao tirar fotos da paisagem da volta, incluindo o mar pitoresco à esquerda, ficou satisfeito e aquecido, como se seus pés se encontrassem em contato direto com a areia da praia.
Entretanto, um sentimento de arrependimento logo alcançou à cabeça dele… Se perguntou se o treinador da equipe de basquete, que se desculpou antes por não ter conseguido proteger o time, também experimentava uma tristeza semelhante.
Mesmo que não fosse culpa de nenhum deles, Shotaro sentiu um gosto amargo no paladar, como se tivesse ingerido um remédio azedo.
A escola dissolveu o clube de basquete devido ao baixo rendimento da equipe. Inicialmente, eles venceram inúmeras competições de nível ensino médio, provocando orgulho e prestígio a todos, e depois falharam em atrair a atenção de olheiros e passaram por problemas que envolviam administração.
Os rumores de que o time estava prestes a ser encerrado surgiram na época em que Sungchan e Shotaro ingressaram. Os gerentes e as comissões técnicas em seguida se mudaram para outras escolas, um a um, por isso a equipe deles desapareceu antes mesmo da chegada das férias de inverno.
O clube de badminton ganhou o ginásio que era deles, e os meninos do basquete foram empurrados para treinar num canto empoeirado do playground.
Todos se desincentivaram graças a baixa infraestrutura que receberam, como por exemplo o aro da cesta de basquete enferrujado e a quadra que ficou muito tempo exposta a intempéries naturais, portanto deixaram o time, ao ponto de só restar Shotaro e Sungchan.
Quanto mais ele pensava em maneiras de reviver o clube, mais percebia que essa tarefa não seria tão fácil assim.
No entanto, não poderiam ficar frustrados para sempre. A culpa não foi deles, logo não havia porquê se martirizarem.
Em decorrência desses acontecimentos, Shotaro e Sungchan decidiram dar um tempo do basquete.
Viajaram para um local distante.
(...) Ao invés de terra e bolas, que tal um lugar cercado por água e tábuas? Quem sabe não encontrariam algo novo no final desta pequena pausa?” (...)
Ele tinha uma pequena expectativa a respeito disso.
(2) Uma onda, um homem.
Tudo no mar coreano era oposto ao mar dos Estados Unidos. Cores, sons e até mesmo o movimento das ondas e a forma como elas absorviam as luzes.
Ele simplesmente flui de forma diferente, de acordo com a localização. E o fato do oceano poder ser tão distinto conforme as inúmeras regiões era a principal razão para Anton amar a água.
Ele começou a perceber a preciosidade que havia nessas coisas, uma a uma, e o brilho que elas possuíam todos os dias.
Foi o som de um sino que o acordou de um sono agradável, onde ressonava com o ruído natural da quebra das ondas do mar.
Era um sino amarelo que o tio dele instalou no portão de entrada, sob alegação de que não havia nada melhor do que aquilo para atrair pessoas novas para a pousada.
“Ding, ding, ding, ding.”
Ele não era um cachorro.
Anton enterrou o rosto no travesseiro e tentou ignorar o ruído, mas não conseguiu impedir o homem de abrir a porta de seu quarto.
“Anton, eu não tenho que dar aulas hoje. Não quer sair para andar de barco? Hein? Que tal?”
“Estou de férias. Quero aproveitar para dormir mais um pouco.”
O tio soprou na direção dele, enquanto o via resmungar. Era o tipo de brincadeira que o mais velho possuía desde a infância, uma das que ele mais odiava.
“Ah.” Anton reclamou, torceu o corpo e se cobriu com o cobertor quadrado de verão super refrescante.
No entanto, seu parente puxou insistentemente o pedaço de tecido, esticou os lábios na sua direção de novo e soprou outra vez.
Uh, uh.
“Ah, é sério tio!”
O mesmo sorriu com triunfo quando Anton enfim se levantou.
O mais velho então o mandou utilizar um chapéu, pois o sol poderia queimá-lo, pegou a chave que estava pendurada ao lado da porta e saiu do cômodo.
Dentro de alguns segundos, ele ouviu novamente o som do sino do portão reverberar o “Ding, ding, ding” de antes.
“Ok, ok! Eu já vou!”
Quando Anton colocou o chapéu e pisou no lado de fora, avistou seu tio conversando com dois desconhecidos na frente do portão.
Eram os hóspedes novos da pousada, que adquiriram um pacote que incluía aulas de surf e churrasco noturno por 3 dias e 2 noites.
Apenas por precaução, o parente dele pediu para verificar as reservas novamente.
“Estes estudantes são muito altos e bonitos.”
O homem brincou com os visitantes, os convidou para entrar e olhou para Anton. “Você pode mostrar para eles onde ficam os quartos?”
Ele se tornou confuso por um curto momento, antes de raciocinar do que se tratava.
“Ah, claro. Venham por aqui.”
Os conduziu gentilmente pelo ambiente.
Havia uma estrada secundária entre o prédio principal do terreno, onde se localizava a casa do tio dele, e esta segunda estrada levava até as instalações anexas, em que se situavam pranchas de surf, suprimentos, um espaço que de vez em quando se transformava no quarto do Anton e, no andar de acima, as acomodações da pousada.
A residência de dois andares foi inteira reformada pelo parente dele, e o destaque dela eram as grandes esquadrias de vidro que proporcionavam uma vista panorâmica para o mar.
O quintal também contava com uma churrasqueira e um monte de tijolos empilhados em círculo para uma possível fogueira, além de uma área coberta decorada com toldos.
Foi Anton quem se preocupou em bolar maneiras de atrair mais hóspedes para o local, que geralmente era tranquilo fora da alta temporada de surf, que durava cerca de 15 dias.
(...) “Uma onda, um homem. Tudo bem, se tivermos apenas um único cliente no meio do verão.” (...)
Por mais que se preocupasse com essa filosofia criada por seu tio, Anton ainda se impressionava com a forma como o espaço inteiro poderia se auto-sustentar plenamente mesmo sem nenhum cliente.
Ele foi para o segundo andar, passando adiante todas as orientações e regras para serem seguidas pelos hóspedes, como por exemplo formas de descartar o lixo.
Apontou para a placa que listava os equipamentos necessários para as aulas de surf e o custo do aluguel de cada um deles, e em seguida perguntou se os visitantes tinham alguma dúvida.
Sungchan e Shotaro balançaram a cabeça em negação.
Anton não era do tipo que puxava assunto com desconhecidos, mas por algum motivo se sentiu curioso o suficiente para expor seus questionamentos aos clientes.
“Vocês estão numa viagem entre amigos?”
“Sim. Não temos a mesma idade… Então, está mais para uma viagem entre Hyung e Dongsaeng.”
Sungchan respondeu a ele com um largo sorriso.
Na verdade, Sungchan se sentiu ansioso para conversar com Anton desde o início, porque a camiseta que o outro vestia estava com as costuras viradas para o lado de fora. Queria perguntar se foi colocada do avesso sem querer ou se fazia parte de algum novo estilo de moda… Também se cativou com a vista do mar.
O quarto tinha um estilo de dormitório normal, com dois beliches de ferro, disposto em formato de “L”, e as paredes voltadas para a cama eram ocupadas por esquadrias que mostravam a paisagem do lado de fora.
Tanto Shotaro quanto Sungchan ficaram sem palavras pela bela vista pitoresca, ao ponto de cogitarem que a falta de avaliações da pousada nos sites se dava pelo fato das pessoas quererem manter um suspense sobre a visão perfeita.
Shotaro caminhou até a sacada e fechou os olhos, sentindo a brisa fresca bater em seu rosto.
“É muito bonito aqui, não é, Hyung?”
Sungchan o seguiu e imitou seus atos, inspirando de maneira profunda.
O cheiro do mar fresco infiltrou os pulmões dos dois.
“Nos vemos nas aulas, mais tarde.” Anton então sorriu para ambos e se retirou.
Depois de tanto tempo apresentando o local para novos hóspedes, isso se tornou uma tarefa habitual para ele.
Voltou para seu próprio quarto, afastando o pensamento de se tornar proprietário da pousada no futuro, e se assustou quando enfim se olhou no espelho.
O queixo dele caiu.
Anton tirou com pressa a camiseta que colocou do avesso e se jogou na cama para cobrir seu rosto vermelho de constrangimento.
